quinta-feira, 13 de março de 2008

Entre a essência e a aparência (ou entre o “ser” e o “parecer”)

“Quem vê cara não vê o que só Deus pode ver”

Banda Resgate

Acho que muitas pessoas já passaram pela experiência de conhecer alguém muito “espiritual”, daquele tipo de crente que te faz sentir o maior pecador. Não raro, algum dia acontece alguma coisa que traz à tona vários pecados horríveis daquela pessoa, outrora escondidos numa capa de falsa santidade.

Não é difícil constatar que a religião quase sempre anda de mãos dadas com a hipocrisia. É inegável também que esta verdade aplica-se ao meio cristão. Mas o que leva as pessoas a permitirem um distanciamento tão grande entre a mensagem pregada e aquela vivida? E mais, por que tanto esforço em parecer aquilo que não é?

Este problema deve ter várias causas. Uma destas deve ser que muitos cristãos acreditam realmente que são tão santos. Trata-se de uma falha na percepção da realidade. É falta de franqueza para enxergar os próprios erros e muitas vezes facilidade para ver os dos outros. A estes o Mestre diz: “Tirai primeiro a trave do teu olho...”.

Talvez o equívoco com que muitos compreendem a idéia de que o crente deve “dar testemunho” tenha algo a ver com o problema também. É que, para alguns, dar este “testemunho” significa, muitas vezes, permitir que as pessoas não-cristãs vejam em você algo que não é lá muito verdadeiro.

Mas, pense bem: será que Deus deseja que você viva se esforçando para parecer o que não é? Será que as pessoas do mundo devem achar realmente que a igreja é uma comunidade perfeita (isto já acho bastante improvável, pois os apóstolos e bispos renascidos e universais não permitem que ninguém seja enganado nesse ponto...)? O objetivo do “dar testemunho” é ganhar pessoas para Cristo. Mas o que acontece quando as máscaras caem?

Este tema específico do “testemunho cristão” sempre me chamou a atenção, e provavelmente, no futuro tornaremos a ele no blog.

Mas o que importa é que Jesus sempre condenou com veemência a hipocrisia dos fariseus. Ao mesmo tempo, elogiou atitudes simples e sinceras, como a da viúva pobre. Não se esquecer também que Mestre ensinou que aquele que faz as coisas diante dos homens já recebeu sua recompensa. Vamos, portanto, nos esforçar pra viver o evangelho da sinceridade e da simplicidade de Cristo!


Anderson

2 comentários:

Fáttima Lago disse...

Esse texto me fez parar e pensar o quanto nós "cristãos" somos essência e o quanto somos aparência. E infelizmente, e de modo geral, somos tão aparentes!Aprendemos que devemos dar testemunho, como diz o texto, que não devemos escandalizar e muitas outras coisas, e dessa forma vivemos nossa, muitas vezes, medíocre vida cristã, medíocre pq somos motivados por hipocrisia e não por motivações reais e essenciais, pq fazemos, ou deixamos de fazer pelo simples motivo egoísta o de sermos reprovados ou aprovados pelos olhos humanos, e quantas vezes, engamos a nós mesmos dizendo ser para agradar a Deus!!!
O texto traz uma das possíveis causas, que é a dos cristãos realmente se acharem tão santos e concordo com isso, pq realmente é perceptível em muitos crentes que quando se "aproximam" de Deus (orando mais, jejuando mais e etc.) começam a se achar mais santos do que os outros, e criam até mesmo uma repulsa com os "mais pecadores", entendo que deveria ser o contrário, quanto mais nos aproximamos de Deus mais devemos perceber nossa condição miserável diante Dele, carecemos desesperadamente de sua misericórdia, e nada absolutamente nada do que fazemos, ou venhamos fazer será suficiente para pagar o que Ele fez e faz por nós, resta-nos apenas apresentarmos nossa vida a Ele como sacrifício vivo, santo e agradável que é o nosso culto racional. Suplico a Deus que retire de nós os resquícios da religiosidade e que possamos "ser" e não "parecer" para que aqueles que vierem se render a Cristo possa ver em nós realmente essência e não aparência, e possam ser instruídos com o evangelho genuíno!
Sola gratia!
F.Lago

André Costa disse...

Só peço a Deus misericórdia! Nenhum dia paço sem pecar e todo dia posso estar sendo alvo de julgamentos dos homens, ainda bem que misericordia de Deus se renova a cada dia. Que crise, viver em Deus, sabendo que a santidade é o alvo, porém, contudo, entretanto pecar, seria ilário, se não fosse trágico. É a nossa tragédia diária!! Ainda bem que não somos salvos pelos nossos atos, a salvação é "dom de Deus" (quem entraria no céu apenas pelos seus atos?). E quem sou eu para julgar o meu "irmãozinho" ( e disse: "não julagarás"; "e terá paciência com os neófitos"). Ainda bem, que não é a "lei", mais do que a "Graça". Sem esquecermos a "lei". E a lei De Deus, diz não tentarás, não matarás, nao adulterarás, e ainda disse Jesus , arranca qualquer parte do seu corpo que lhe faz pecar (inclusive os olhos). Vixe meus olhos!! MAs então lembramos da Graça e podemos dormir, crentes na salvação. "E lhes dou a Graça, e a Minha Graça vos basta". Amem!!! ENtão meus irmãos apenas a GRAÇA e a PAZ de DEUS, sem aparência, e apenas a GRAÇA. Abraço