segunda-feira, 17 de março de 2008

Tocou-me

"Durante cinco anos ninguém me tocou. Nem uma pessoa. Nem minha esposa. Nem meus filhos. Nenhum de meus amigos. Ninguém me tocou. Eles apenas me viam. Falavam comigo. Eu podia sentir amor na voz dessas pessoas quando se dirigiam a mim. Podia ver a preocupação expressa em seus olhos. Porém, eu não podia sentir o toque delas. Nenhuma vez sequer.

Eu era intocável. Era um leproso. E ninguém me tocava. Somente até o dia de hoje.

Oh, que repulsa eu causava naqueles que me viam. Cinco anos de lepra deixaram minhas mãos torcidas. Já não tinha mais algumas das pontas de meus dedos, bem como porções de uma das orelhas e de meu nariz. Alguns pais, quando me viam, agarravam seus filhos. Mães cobriam as faces deles. Crianças apontavam para mim com olhos arregalados.

Algumas pessoas pensavam que eu havia pecado. Outras que meus pais haviam pecado. Não sei.

Hoje resolvi dar um passo arriscado. Mas o que eu tinha a perder? Ele chama-se a si mesmo de Filho de Deus. Ele ouvirá a minha queixa e me matará, ou aceitará a minha súplica e me curará. Estes eram os meus pensamentos. Aproximei-me dEle de um jeito desafiador. Não movido por fé, mas por uma ira desesperadora. Deus havia permitido que uma calamidade alcançasse o meu corpo, e Ele era capaz tanto de curá-la como de acabar com ele.

Então eu o vi, e quando o vi fui transformado. Antes que ele falasse, percebi que se importava comigo. De alguma maneira percebi que odiava esta doença tanto quanto eu. Minha raiva foi transformada em confiança, e a minha ira tornou-se esperança.

'Mestre!'

Ele parou e olhou em minha direção, como também dezenas de outras pessoas. Senti como se uma torrente de medo corresse pela multidão. Braços se agitavam em frente a rostos assustados. Crianças escondiam-se rapidamente por detrás dos pais. 'Imundo!', alguém gritou. Todos deram um passo pra trás, exceto Ele. Ele deu um passo em minha direção. Em minha direção.

Eu não me movi. Apenas disse: 'Senhor, se quiseres podes tornar-me limpo'. Se ele tivesse me curado com uma palavra, eu teria me emocionado. Se Ele tivesse me curado através de uma oração, teria me alegrado. Mas ele não ficou satisfeito por apenas falar comigo. Ele se aproximou, e me tocou. Há cinco anos minha esposa me tocou. Ninguém mais me tocara desde então.

'Quero'. Suas palavras foram tão amorosas quanto o seu toque. 'Sê limpo!' Ele colocou as mãos sobre a minha face e trouxe-me para tão perto de si que eu podia sentir o calor de sua respiração e ver seus olhos úmidos.

Nunca me esquecerei daquEle que ousou tocar-me."

Adaptado de "Simplesmente como Jesus", de Max Lucado


Anderson

Nenhum comentário: