segunda-feira, 28 de junho de 2010

Pérolas Pentecostais 2

Crente pentecostal tem cada uma...

Outro dia ouvi uma missionária, daquelas chamadas “canela-de-fogo” (só quem já foi a uma igreja pentecostal entende essa expressão...), dizer o seguinte impropério: “Deus não dá nada de graça a ninguém!”.

Quis ela dizer que Deus só dá algo mediante uma contraprestação imediata. Ou seja: toma lá, dá cá. Para ela, as bênçãos que os crentes recebem dependem absolutamente de seu esforço próprio. Tal assertiva ignora que a Bíblia diz que a maior das bênçãos, a salvação, é de graça (Efésios 2:8).

Algumas pérolas, como essa, resultam de uma assustadora ignorância bíblica, outras nascem em nosso meio e começam a ser repetidas irrefletidamente como verdadeiros dogmas.

Assim, é possível imaginar o seguinte diálogo quase fictício (o “quase” deve-se ao fato de que eu participei de uma conversa muito parecida com essa):

- “Irmão, Deus te incomoda para orar nas madrugadas?” Pergunta a irmã Joquebede.

- “Não... Deus não costuma me incomodar. Ele e eu nos damos muito bem.” Responde, lacônico, o irmão Jeosafá.

- “Quer dizer então que o irmão não gasta tempo em oração??”

- “Também não. Ao contrário, procuro investir meu tempo em oração.”

Para finalizar, gostaria de lembrar das boas e velhas "Deus vai puxar o teu tapete!" e "Deus vai te colocar no leito", que fazem parte do extenso rol de orações feiticeiras (ou da macumba gospel, se preferir). Além disso, revelam o nobre amor cristão praticado por alguns irmãos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Palmas para Jesus

Um dia desses, visitei uma igreja pertencente a um ramo tradicional do protestantismo tupiniquim.

Num certo momento do culto, fui surpreendido com um pedido para mim inesperado:

"Quem pode aplaudir Jesus?", perguntou o dirigente do "momento de louvor".

Os irmãos, então, salvo algumas exceções, entre as quais eu me incluo, aplaudiram ao Senhor Jesus.

E eu, cá com os meus botões, fiquei remoendo: "até aqui?". É, as "coisas" mudaram, completei meu pensamento, até hoje, solitário.

Às vezes, fico imaginando Jesus realizando os seus milagres, ressuscitando à Lázaro, por exemplo, e o povo aplaudindo..., transformando água em vinho, fazendo cegos enxergar e as pessoas maravilhadas ovacionando ao Senhor Jesus.

Qual seria a reação Dele? Agradeceria e, quem sabe, encurvar-se-ia como um artista após o espetáculo apresentado, ou, talvez, seu gesto de gratidão ao reconhecimento das pessoas fosse com uma frase clichê “obrigado, muito obrigado”.

Não dá para adivinharmos a reação do Senhor diante deste gesto de “gratidão” dos seres humanos que, se a tudo aplaudem, por que não aplaudir à Jesus?

Particularmente, não aplaudo à Jesus durante o culto, sobretudo após um pedido do dirigente, e isso para não fazê-lo de forma bem espontânea...

Mas, para não dizerem que sou retrógrado, anacrônico e preconceituoso, não tenho nada contra quem aplaude.

Palmas!

Seja Um Seguidor do SOLA GRATIA Você Também!

Na semana passada coloquei a barra "seguir" no layout do blog e alguns dos nossos leitores já tiveram a bondade de se tornarem seguidores públicos do SOLA GRATIA.
Agora quero aproveitar a oportunidade para solicitar aos nossos demais leitores que cliquem lá no botão "Seguir" que está à direita.
Acho isso interessante para saber como anda a "audiência" do blog, já que nem todo mundo que lê deixa algum comentário.
Aproveito o ensejo também para anunciar que a postagem "Pérolas Pentecostais II" está chegando aí!
Para ver o "Pérolas Pentecostais I" clique aqui. Para ver outras "pérolas" clique aqui e aqui .

sábado, 19 de junho de 2010

São João, Xangô Menino e Outras Coisas

Há alguns anos, a administração da minha cidade percebeu que é um bom negócio investir nos festejos juninos. Desse modo, muitos recursos públicos são dirigidos anualmente para a promoção dessa festa, que acaba atraindo turistas e movimentando a economia da cidade.

Até aí, ao que parece, ninguém nunca se incomodou. Mas, neste ano, resolveram denominar a festa de São João Xangô Menino.

Isto, porém, foi suficiente para instaurar a polêmica, sobretudo entre os evangélicos. Enquanto a festa era apenas de São João não tinha problema, mas foi só meter Xangô Menino no meio para muitos se sentirem ofendidos...

Para mim, São João e Xangô Menino também são a mesma coisa: meros ídolos. Eles simplesmente não existem (é claro que João Batista foi chamado por Jesus de “o maior entre os nascidos de mulher”, mas ele já morreu, e nada mais pode fazer).

O que me incomoda é que temas como esse são capazes de provocar uma mobilização entre nós evangélicos, todavia, as pessoas que morrem diariamente sem Jesus, o mau uso do dinheiro público, os problemas sociais e outras questões muito mais relevantes, não encontram muito espaço em nossos círculos.

Que Deus nos ajude a nos preocupar com o que realmente tem importância.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Do Amor ao Próximo (Breve Reflexão sobre Mateus 5:43-48)

Algo que considero revolucionário no cristianismo é a doutrina do amor. Não quero dizer com isso que o amor nunca foi ensinado por outras religiões, mas que o enfoque dado por Jesus não encontra qualquer similar no mundo.
Devemos amar a todos, até nossos inimigos. Isto é revolucionário. O Mestre disse que o Pai faz nascer o sol sobre todos e, portanto, nós devemos amar, literalmente, a todos.
O próprio Jesus foi perseguido, humilhado, torturado e morto por aqueles a quem só fez o bem. Mesmo assim os perdoou.
Alguém poderia dizer que, sendo Deus, esta atitude não seria tão difícil para Ele. Então eu gostaria de lembrar de Estevão que, no exato momento em que era martirizado, liberava seu perdão para os carrascos.
Diariamente somos atingidos por pessoas que, em maior ou menor intensidade, voluntária ou involuntariamente, fazem brotar em nós sentimentos nada cristãos. O desafio é amá-los mesmo assim.
Não se trata, obviamente, de uma meta fácil de ser atingida. Mas o Pai não quer de nós nada menos que a perfeição. Peçamos a Ele a ajuda necessária para vivermos o que tanto pregamos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sola Gratia Recomenda: Cristianismo Puro e Simples, de C. S. Lewis

Este é um clássico da literatura cristã com o qual eu estava em débito há muito tempo. E a fama dele não é gratuita. Este é realmente um pequeno grande livro.
A obra é resultado de palestras proferidas por C. S. Lewis na BBC de Londres à época da Segunda Grande Guerra. Nela o autor procurou tratar dos temas essenciais do cristianismo, omitindo-se em relação a pontos muito controversos ou atinentes a apenas alguns ramos da cristandade.
A forma que C. S. Lewis compreendeu o cristianismo e a transmitiu é impressionante. Tanto é que acho perfeitamente cabível a comparação dele, conhecido como o apóstolo dos céticos, com Paulo, o apóstolo dos gentios, no seguinte aspecto: assim como Paulo, nos primórdios do cristianismo, compreendeu o evangelho de maneira mais plena que os demais apóstolos, acho que C. S. Lewis conseguiu apreender melhor que ninguém a essência do cristianismo e aplicá-la aos dias atuais.
Enfim, recomendo vivamente a leitura deste livro. Todo cristão deveria lê-lo.

sábado, 5 de junho de 2010

Sola Gratia Recomenda: Nos Bastidores dos Espíritos, de Caio Fábio

Encontrei este livrinho na estante da minha noiva, comecei a ler as primeiras páginas e não consegui parar. Então tive a ideia de tirar proveito do tempo que ela às vezes demora para se arrumar e fui lendo aos pouquinhos. Não me arrependi: o livro é fabuloso.
Conta a história real de um jovem que, desde muito novo, era perturbado por espíritos e recebeu destes a missão de curar pessoas. Ficou conhecido nacionalmente e até fora do Brasil por conta das cirurgias espirituais que realizava, sem cobrar nada. Porém, mesmo sendo tão prodigioso e ajudando a tantas pessoas, o jovem sofria com um doloroso vazio interior. Foi aí que aprendeu que os tais seres desencarnados nada mais eram que anjos caídos, encontrou Jesus e com Ele a verdadeira felicidade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Controverso, eu? (Uma Resposta de Ricardo Gondim)

"Não me considero um polemista, embora reconheça a minha insistência em questionar, embora saiba que vez por outra peso nas tintas ao criticar, embora consciente do meu atrevimento por tentar derrubar vacas sagradas de seus pedestais teológicos. Um tanto de gente me escreve perguntando sobre boatos que se espalham por corredores virtuais me acusando de perigoso. Sinceramente, não me acho uma ameaça (sem bem que Hitler também não se achava!).

Vou tentar explicar pela enésima vez porque disse que estava de saída do movimento evangélico. Na verdade, minha igreja pretende ser evangélica, isto é, ser uma comunidade leal ao Evangelho. Já não me identifico com o que se tornou o "movimento evangélico" enquanto fenômeno social. Enumero minhas explicações para que fique mais didático:

1. Por razões éticas

Não consigo acertar o passo com os escândalos que sacodem quase semanalmente o movimento evangélico. Na minha opinião, um claro sinal da septcemia moral que o devasta. Alguém diria: “Esses escândalos representam apenas uma pequena parcela do movimento e os demais não podem ser responsabilizados”. Ora, ora, se os desmandos do neopentecostalismo não representam o todo, então porque os evangélicos se valem do crescimento das mega-igrejas, dos ministérios televisivos, para impressionar com as estatísticas do IBGE? Se há necessidade de separar quem é quem, então que profetas se levantem e denunciem o circo vergonhoso que se tornou a pretensa “pregação do evangelho” que não passa de uma neurolinguística fajuta.

2. Por razões teológicas -

Milagres a granel são prometidos indiscriminadamente pelas igrejas. O movimento evangélico virou um movimento antropocêntrico. Deus foi reduzido a um poderoso consertador de problemas, a um super-gênio da lâmpada que cumpre desejos, a um magnífico Papai Noel que dá o que se pede. Oração se transformou em técnica de manipular o divino; obediência, um jeito de desobstruir os dutos por onde correm as bênçãos; e fé, uma força que arrasta o coração de Deus na direção dos humanos, sempre miseráveis.

Na verdade, se me perguntarem se concordo com um mundo engrenado pela Providência que faz com que todos os nano eventos do universo tenham a tutela de Deus, responderei que não. Se me perguntarem se creio que crianças já nascem pecaminosas e “filhas da ira”de Deus, repetirei que não. Enfim, eu jamais passaria nas provas de catecúmenos da maioria das igrejas evangélicas.

3. Por razões existenciais -

Por anos, corri, corri, sobre a plataforma evangélica de salvar almas, de garantir o céu para os pecadores danados. Quando vi que a fronteira da velhice se avizinhava, descobri que as pessoas que haviam carimbado o passaporte para a vida eterna eram malvadas, iracundas, traiçoeiras, ingratas, mais amantes de suas doutrinas do que do próximo. Eu tinha distribuído salvo conduto que dava entrada para as ruas de ouro do Paraíso, mas fracassara em ajudar homens a honrarem as calças que vestiam.

Recentemente, pregando em Natal, Rio Grande do Norte, perguntei a um pastor anglicano sobre o estado das igrejas ali. Ele respondeu que igrejas evangélicas sérias estavam em crise. Repliquei de imediato: - Não, amigo, as igrejas sérias não estão em crise, mas navegando na contracorrente.

Sei que a versão dos maldosos colou em mim; fiquei com o estigma de mal-resolvido, polêmico e até de herege. No passado, isso me inquietava, mas depois que muitas águas correram sob a ponte, conscientizei-me de que devo continuar tentando abrir picada onde não há trilha sem importar-me com a opinião dos guardiões da reta doutrina.

Se a busca inquieta por novos ares for controverso, sou controverso. Se não aceitar andar no passo da manada for controverso, eu sou controverso. Se desejar cuidar pastoralmente de famílias com filhos com paralisia cerebral, sem repetir chavões, for controverso, eu sou controverso. Se recusar a aceitar que a miséria de bilhões, que dormem com fome todas as noites, representa o controle de Deus sobre a história for controverso, então eu sou controverso.

Cambaleante, continuarei. Sob artilharia pesada, escreverei. Espicaçado por eruditos, seguirei. Esta é minha vocação, é minha sina, é meu destino. Comecei, agora vou até o fim.

Soli Deo Gloria
25-5-10

Ricardo Gondim"

terça-feira, 1 de junho de 2010

Sola Gratia Recomenda: Do Outro Lado do Mar, de João Alexandre


Não entendo por que demorei tanto para ouvir esta obra-prima. Aliás, chamar este trabalho de obra-prima ainda é pouco. João superou-se. Parece que cada letra, melodia ou arranjo são provenientes diretamente do céu. E, de fato, senti-me mais perto do Pai ouvindo esse disco. Além de tudo tem uma sonoridade brasileiríssima. Recomendado.