terça-feira, 2 de setembro de 2008

Rádios evangélicas: eu juro que tentei!

Segue excelente texto de José Barbosa Junior sobre a triste situação da música evangélica aqui no Brasil:

Há cerca de um mês eu mesmo me propus um desafio. Há tempos não parava para ouvir uma rádio evangélica, não que eu não tivesse tempo, eu não tinha mesmo era paciência. Mas fui duro comigo mesmo, e tentei. O que ouvi e percebi nesse desafio é o que passo a narrar neste texto.

Aqui quero abrir parênteses. Na lista de discussão do site no yahoogrupos.com.br, o Renato Fontes escreveu o seu diário de sofrimento ao passar uma semana somente ouvindo rádios evangélicas. Confesso que ele foi mais corajoso que eu. Só agüentei poucas horas... e é sobre isso que quero falar.

Minha primeira conclusão é que estamos passando por um grande deserto. A igreja deve estar passando por um grande período de estiagem, de seca. Só isso pode explicar a quantidade de músicas pedindo chuva. Faz chover, derrama tua chuva, vem com tua nuvem, abre as comportas do céu, derrama a chuva, chuva de avivamento...

Em contrapartida, também fala-se muito de fogo. Quando não é chuva, é fogo. Realmente é fogo ouvir tanta coisa assim. Tinha até uma música (?) falando do “diabo fazendo careta, e o crente com esse fogo faz churrasco de capeta”. Acho que a mesma música ainda falava de “fogo no diabo da cabeça aos pés”. As outras falavam de fogo como algo bom. Não consigo ver isso na linguagem bíblica. Fogo sempre está relacionado a destruição, juízo, etc. Era tanto fogo que, é claro, tinha que ter alguém se derretendo. Pois é exatamente o que diz uma das músicas que ouvi, num super arranjo instrumental, muita animação, uma letra boa até o ponto que fala que “eu vou me derreter...”

Lembrei-me, e não tinha como não lembrar, dos amigos de Daniel, na fornalha... nem um fio de cabelo tostado, inteiros, intactos. Eles não derreteram. Também lembrei de Paulo escrevendo aos Coríntios dizendo que “se alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um, pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo FOGO (...) se a obra de alguém se queimar (derreter), sofrerá ele dano.” Bem... eu continuo querendo não ser derretido.

Outra coisa. Alguém pode pedir para os “levitas” pararem de pregar entre as músicas? O pior é que o choro das milhares de “valadões” deu lugar a voz ofegante e “cansada” dos “Quinlans, Sheas e Fernandinhos”. Parece que os camaradas correram uma maratona antes de chegarem ali, então gritam com voz rouca, emocionada, sensual (também, com tanta música falando de beijo, abraço, colo, carinho, etc). E o público delira...

Previsão do tempo na música “gospel”: Se não tiver chuva, o tempo vai ficar nublado. Só isso pra explicar a quantidade de nuvens no céu da música evangélica. As nuvens de glória nem deixam o sol da justiça brilhar, esse é o problema. Aliás, nuvem de glória não, shekiná (esqueci que tudo agora tem que ser em hebraico). Shekiná prali, Shekiná pra lá, nuvem, peso de glória, nuvem carregada. Sai de baixo... vem temporal aí!

Aliás o tempo também está propício a romances. Como tem músicas românticas no nosso meio. Engraçado é que pra não dizerem que fizeram uma música SOMENTE romântica, todas elas têm algo do tipo “Deus quem me deu você”, só pra não admitirem que o que queriam mesmo, no fundo no fundo, era fazer sucesso no meio secular, como cantores românticos. Mas como a qualidade não é lá essas coisas, permanecem no meio “gospel”, pois aqui qualquer porcaria vende (lá também, mas o jabá é mais alto).

Outro lado dessa moeda, e esse eu acho pior, são as músicas românticas-sensuais-eróticas que são dedicadas a “Jesus”. Também, não era de se esperar menos, afinal de contas, com uma NOIVA tão desesperada...

É um tal de “quero teu colo”, “teu carinho”, “quero te beijar, te abraçar”... Mais legal ainda são algumas capas de CD´s com um Jesus “saradão” vindo resgatar a noiva. Aliás, eu gostaria de perguntar uma coisa: Quem seqüestrou a noiva??? A noiva está sendo preparada ou está em cativeiro??? Sim, porque é tanto clamor pro noivo vir resgatar a noiva que eu já nem sei mais o que pensar. E eu pensando que a noiva estava sendo adornada, purificada, preparada para as Bodas do Cordeiro. Que nada! Ela está sob domínio do inimigo, necessitando ser resgatada pela SWAT angelical ao comando do noivo “saradão”.

Aliás, realmente eles pensam que é assim. Só isso pode explicar tantos cânticos pedindo “libertação” e “cura” para os que já foram salvos. E mais uma vez eu aqui, com cara de trouxa, acreditando que a liberdade conquistada na cruz era suficiente, que o sacrifício ÚNICO de Jesus bastou para me libertar. Nada disso! Todo culto eu tenho que clamar: “Vem me libertar”, “Quebra minhas cadeias”, “Enche meu coração vazio”, “Liberta-me Senhor”. E eu pensando que “se, pois, o FILHO vos libertar, VERDADEIRAMENTE SEREIS LIVRES”. Que bobagem a minha...

Bem... na verdade foram poucas horas que consegui essa façanha de ficar ouvindo uma rádio evangélica. Não agüentei nem 6 horas... mais um pouco e eu surtava... e eu não podia surtar, estava trabalhando... sintonizei na MPB FM... e dei graças a Deus pela boa música popular brasileira...


5 comentários:

Unknown disse...

Concordo plenamente com o irmão, a qualidade das músicas evagelicas, deixa a desejar. é chuva e fogo para um povo escravizado, que ainda não tomou posse da vida eterna. Estão compondo em cima ritmos seculares. Sem nenhuma inspiração do Espirito de Deus.

Anderson disse...

A igreja evangélica brasileira, e o povo brasileiro de um modo geral, tem uma grande mania de importar de qualquer forma as tendências de fora. Boa parte do que está se passando hoje com a nossa música se deve a isso. A constante referência aos temas da chuva e do fogo são resultado dessa influência. É sempre bom receber as boas influências, mas copiá-las tendo tanta coisa boa aqui é demais...
Obrigado por sua visita, Luiz. Volte sempre!

Unknown disse...

Meu amigo,gostei parabéns!!!!isso tudo que tem contecido com nossas músicas,e com nossa igreja evangelica brasileira é verdade.Hoje nos hinos de adoração só se fala de chuva,fogo,prosperidade,tá dificíl porque então são esses hinos que estar fazendo sucesso em nossas igrejas,precisamos clamar pra que Deus mude esse guadro,e povo passe a ouvir umas boas músias.

Anderson disse...

Grande, Frank!
Uma moda que pegou também é essa de pedir restituição de tudo. Fala sério!
Obrigado mais uma vez por seu comentário.

Anônimo disse...

Paulo Zavattiere. (evangélico)
Eu penso que o problema maior com a maioria das músicas evangélicas, é que muitos músicos estão compondo
louvores pensando mais em agradar o homem do que a Deus. Pensa-se primeiro na aceitação da música e na venda do Cd. Precisamos voltar ao primeiro amor, tanto os músicos como os que ouvem as músicas. Louvor é para agradar a Deus e não a homens.