quinta-feira, 10 de julho de 2008

Encontrei na Rede

Em minhas andanças na net encontrei esse texto do Reverendo Caio Fábio, que achei muito interessante... é um pouto de vista que difere da maioria... confesso que concordo com o Reverendo nesse tema.

"A LINGUAGEM DO GÊNESIS É MÍTICA?

Querido amigo e Pastor...vou tentar ser o mais breve possível...

Como você enxerga a questão do mito? Visto que cada cultura carrega em si suas consciências míticas... Por exemplo: muitos povos não crêem na criação do mundo da forma que a Bíblia diz ter acontecido, pois possuem suas próprias construções, baseados em suas lendas, culturas e etc...

Sei que pode considerar esta questão como banal, mas percebo que muitas pessoas possuem esta dúvida e só não perguntam (ou procuram se aprofundar mais no assunto) com medo da possibilidade de "perderem" a fé...

Sem mais,

Resposta:

Querido amigo no Senhor: Graça e Paz!

Deixe-me ser bem simples pra ver se ninguém se equivoca com relação ao que penso. Sim, nem você e nem os que lerão no site.

A narrativa do início do livro do Gênesis é claramente mítica, e é completamente verdadeira.

O mito não significa mentira, engano, falsidade e fantasia. O mito é uma linguagem universal usada na perspectiva de revelar por figuras, símbolos e arquétipos, aquilo que não se viu como ocorrência, mas que se sabe corresponder à verdade do que foi gerado.

Nossa tolice é tão grande que nos prende à narrativas de configuração e linguagem mítica de forma literal como se a fé só fosse fé se todas as coisas tiverem sido literais.

A Escritura tem todo tipo de linguagem. Começa com a mítica, entra na semi-histórica, adentra a histórica, se utiliza da simbólica, expressa a alegórica, a metafórica, e também a literal. Ora, se a Escritura se utiliza de todas essas linguagens, não faz sentido usar apenas a visão literal na hora de lê-la, se há outras formas de linguagem em uso no próprio texto. Cada texto tem que de ser lido e discernido conforme a sua linguagem. E a Escritura não inicia dizendo que linguagem está usando, apenas porque é obvio quando uma certa linguagem está sendo praticada.

Eu creio que a Terra foi habitada, milhões de anos, por muitas criaturas, antes da criação-surgimento do homem. Creio que houve muitas eras e ciclos de vida no chão que habitamos. Creio que a narrativa do Gênesis mostra o significado divino de todas as existências, e revela o lugar especialmente importante do homem na criação. Creio que a “queda” aconteceu, e que o dialogo de Eva com a Serpente foi uma realidade, porém, a linguagem usada para nos contar algo que teve seu lugar muito mais na dimensão psicológica, é, própria e adequadamente, de natureza mítica. Creio que tudo o que ali está dito é tão mais belo e verdadeiro quanto mais se lê o texto conforme a natureza de sua linguagem. Aliás, somente desse modo o texto deixa de parecer estória da carochinha. Lendo-o como mito ele cresce ainda mais em seu significado como representação não-jornalística da verdade, e que nem por não ser “jornalística” deixa de ser verdadeira.

O Gênesis apresenta o fenômeno do que nos aconteceu como espécie, e usa a única linguagem possível, em se tratando de coisas para as quais a consciência não tinha meios de perceber se não como linguagem fenomenológica.

As culturas dos povos, quase todas elas, são extremamente parecidas com a linguagem do Gênesis. O que apenas prova a realidade de que o Inconsciente Coletivo da Humanidade está saturado com a mesma verdade e com os mesmos conteúdos, variando apenas na forma do mito.

O modo mítico como o Gênesis relata a criação da consciência humana é, na minha pobre maneira de ver, o mais perfeito de todos. No entanto, a linguagem é mítica; e é a mais própria de todas as linguagens míticas.

Mito, portanto, não é o que não é, mas sim o que é; só que sendo contado de uma forma atemporal, não envelhecível, não necessitada de re-atualizações históricas freqüentes.

Você já imaginou se há quase quatro mil anos a Escritura contasse a criação do homem do modo como ela pode ter “de fato” acontecido? Quem entenderia o quê? Desse modo, a Escritura usa uma Linguagem Perene a fim de relatar aquilo que não seria jamais compreendido sem que a linguagem fosse mítica. Para os antigos era a única linguagem possível; e continua a ser a única possível para nós também.

Na realidade as pessoas não entram nesse assunto não é por medo de perderem a fé, mas por temor de serem “interpretadas” como tendo perdido a fé.

Ora, o Gênesis, em seu inicio, é mítico. A ressurreição de Jesus, todavia, não é narrada com linguagem mítica, mas histórica. Assim, deve-se ler o Gênesis conforme a linguagem proposta, e os Evangelhos, conforme a linguagem histórica narrativa com a qual ele está carregado.

Com isto lhe digo o seguinte: Sei que Adão caiu em pecado e transgressão, embora não saiba os detalhes históricos narrativos desse acontecimento, visto que a linguagem utilizada me permite saber o que houve, mas não me detalha como foi—exceto como narrativa de natureza mítica. Já a ressurreição de Jesus, é tanto histórica quanto também é narrada em linguagem histórica, sendo, por parte de qualquer um, uma grande violência dizer que se trata de mito, visto que, para mim, é desrespeito para com a intenção, o estilo e a objetividade narrativa da história.

Ou seja: a realidade é o que interessa, não a linguagem!

E qual é a realidade?

Somos todos herdeiros de Adão segundo o pecado; e, em Cristo, somos agora herdeiros de toda Graça. Ora, isto sim é realidade!

Nele,


Caio "

Fonte: http://www.caiofabio.com/

Um comentário:

Anderson disse...

É muito bom vê-lo de novo por aqui, velho amigo.
Abraço